Violência contra a mulher domina procedimentos do Plantão Regional da Polícia Civil de Itabuna
Mais da metade das ocorrências no Plantão Regional da Polícia Civil de Itabuna envolvem violência contra a mulher, mas a prisão sozinha representa apenas 10% do enfrentamento — o restante depende de uma rede de apoio que ainda falha em proteger e acolher as vítimas.
VIOLÊNCIA CONTRA MULHER
Lisdeili Nobre
8/12/20251 min read


Mais da metade dos procedimentos lavrados no Plantão Regional da Polícia Civil de Itabuna — entre prisões em flagrante e inquéritos policiais — estão relacionados a casos de violência contra a mulher. A unidade atende a cidade e, nos períodos noturnos e finais de semana, também recebe ocorrências de municípios como Buerarema, São José da Vitória, Arataca, Camacã, Barro Preto, Itapé e Ibicaraí.
Durante o dia e na madrugada, chegam mulheres com o rosto inchado por socos e murros desferidos por companheiros, além de vítimas com quadros avançados de depressão, potencializados por humilhações, manipulação, ridicularização e chantagem. Muitas procuram medidas protetivas e, sobretudo, a garantia de sua efetividade. Há quem, por medo ou esperança de mudança, tente conviver com a violência, esperando que o agressor interrompa os atos de covardia.
No plantão, a equipe policial oferece tanto medidas protetivas extrajudiciais — que não dependem de autorização judicial — quanto medidas judiciais, com imposição de cautelares. Homens são presos em flagrante, mas, na maioria dos casos, são liberados durante a audiência de custódia.
O trabalho da Polícia Civil, embora essencial, representa apenas uma parte do enfrentamento: cerca de 10%, segundo especialistas. Os outros 90% dependem de uma rede pública e privada de apoio que permita à mulher romper o ciclo de violência. Essa rede, porém, apresenta falhas graves.
Os órgãos não se comunicam adequadamente, funcionando como ilhas isoladas. Poucos serviços jurídicos e assistenciais chegam de fato às vítimas, que ainda precisam lidar com disputas pela guarda dos filhos, dependência econômica, falta de moradia e a necessidade de tratamento médico diante de doenças e quadros severos de depressão.
A prisão, sozinha, não basta. É apenas um passo dentro de um conjunto muito mais amplo de ações sociais, jurídicas e de saúde que precisam ser articuladas para garantir que a vítima consiga reconstruir sua vida com segurança e dignidade.
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