O que comemorar nos 115 anos de Itabuna? 📍 Uma cidade que cresceu, mas precisa crescer com mais justiça

Itabuna chega aos 115 anos com população expressiva, arrecadação bilionária e grandes desafios sociais. Uma cidade de potência, que precisa fazer sua riqueza virar qualidade de vida.

Lisdeili Nobre

7/27/20252 min read

O que comemorar nos 115 anos de Itabuna?

📍 Uma cidade que cresceu, mas precisa crescer com mais justiça

Neste 28 de julho de 2025, Itabuna celebra seus 115 anos de emancipação política com uma pergunta necessária: o que temos, de fato, para comemorar?

📊 1. População: Centro regional em destaque

Com 196.676 habitantes, Itabuna é uma das cidades mais populosas do interior da Bahia. Esse número expressivo consolida o município como um polo urbano regional, com influência direta sobre dezenas de cidades no sul do estado. É daqui que partem decisões, serviços, políticas e tendências que impactam toda a região cacaueira.

👉 Comemorar: a força da sua gente, a resistência histórica e a importância estratégica.
⚠️ Refletir: o crescimento populacional exige políticas públicas mais inclusivas e serviços mais eficientes.

Apesar do tamanho, muitos moradores ainda enfrentam problemas crônicos em áreas básicas, como saúde, saneamento, educação e mobilidade. O crescimento da cidade não foi, necessariamente, acompanhado de planejamento urbano inclusivo.

💰 2. PIB per capita: um alerta disfarçado de número

O Produto Interno Bruto per capita de Itabuna é de R$ 19.618,70. À primeira vista, pode parecer um dado positivo, mas ele está abaixo da média estadual (R$ 25 mil) e muito abaixo da nacional (R$ 50 mil).

🔎 O que isso indica?

  • Pouca diversificação econômica

  • Predomínio de atividades com baixo valor agregado

  • Desigualdade social e alta informalidade

  • Um município que ainda não transforma seu potencial humano em renda distribuída

👉 Comemorar: a capacidade produtiva instalada e o potencial de crescimento.
⚠️ Refletir: é hora de debater desenvolvimento sustentável, inovação e combate às desigualdades.

Que a cidade produz, sim — mas o resultado dessa produção não chega igualmente para todos. A renda se concentra, a informalidade avança, e os jovens ainda enfrentam um mercado de trabalho precário. A pujança econômica convive com bolsões de pobreza, favelização e insegurança alimentar.

🏛️ 3. Arrecadação bilionária: riqueza que precisa virar bem-estar

Em 2023, Itabuna arrecadou mais de R$ 1,1 bilhão, um valor significativo para uma cidade de porte médio. Isso representa cerca de R$ 5.719,62 por habitante ao ano.

🧮 Com esse valor:

  • É possível investir fortemente em saúde, educação e infraestrutura

  • Há margem para programas sociais estruturantes

  • O desafio está na gestão eficiente e transparente desses recursos

👉 Comemorar: a capacidade de captação de recursos e o peso orçamentário.
⚠️ Refletir: a população sente, de fato, os efeitos dessa arrecadação no seu cotidiano?

Mas a pergunta que ecoa nas ruas é: onde está esse dinheiro no dia a dia do cidadão comum?

  • Está nos postos de saúde sem médicos?

  • Está nas escolas com estrutura precária?

  • Está nos bairros que convivem com esgoto a céu aberto e ruas esburacadas?

O que os dados revelam é que a cidade arrecada muito, mas entrega pouco. O problema, portanto, não é só financeiro — é de gestão, de prioridade e de participação popular.


✊ Um aniversário é também um espelho

Itabuna chega aos 115 anos com corpo grande e alma inquieta. Uma cidade que pulsa cultura, resiste em suas periferias e tem um povo que não aceita mais ser governado sem escuta.

O futuro de Itabuna depende de decisões políticas que valorizem a equidade, a juventude, as mulheres, os povos negros e periféricos, que são a alma da cidade. É hora de fazer a riqueza circular, os direitos saírem do papel e os bairros se tornarem centros de dignidade.