O perigo excêntrico de Donald Trump: o rei Midas da guerra

Trump reacende o caos global com ego inflamado e mísseis à mão — o mundo entra na era do descumprimento.

Lisdeili Nobre

6/22/20252 min read

O perigo excêntrico de Donald Trump: o rei Midas da guerra

Donald Trump não é apenas uma figura política — é um fenômeno que encarna intersecções perigosas entre o narcisismo desmedido, o autoritarismo latente, o nacionalismo inflado e o populismo bélico. Sua presidência é atravessada por contradições tão evidentes quanto estratégicas: proclama a paz, mas flerta com a guerra; promete soberania, mas age como xerife do mundo.

Sua retórica, moldada pela famosa “teoria do maluco” — que consiste em agir de forma imprevisível para desestabilizar adversários — revela mais do que uma tática: é o reflexo de uma liderança que despreza freios institucionais, ignora o Congresso e transforma tratados internacionais em peças decorativas. O ataque noturno de 21 de junho, realizado à revelia das autorizações previstas nas leis americanas, foi apenas mais um capítulo de uma narrativa que parece saída de um roteiro hollywoodiano distópico — e que, lamentavelmente, é real.

Trump não apenas decide intervir — ele anuncia como quem promove um espetáculo. A guerra vira produto de marketing político. Seu alvo? O Irã. Seu pretexto? A velha aliança com Israel e a desculpa de sempre: “proteger a civilização”. Mas a verdade é mais crua: esse ataque inaugura uma nova era — a era do descumprimento mundial. Se o presidente dos Estados Unidos pode ignorar acordos e protocolos globais, o que impedirá outros líderes menores, e ainda mais instáveis, de fazerem o mesmo?

A retórica trumpista — violenta, divisiva e saturada de mentiras — alimenta a máquina do medo, reforça o tribalismo político e fomenta um clima de guerra permanente. Uma guerra que não se limita à geopolítica: é também doméstica. A violência política cresce, a democracia se esgarça, e os Estados Unidos tornam-se reféns do ego inflado de um homem que se enxerga como o próprio Rei Midas — mas que, ao invés de transformar em ouro, converte tudo o que toca em tensão, crise e desordem.

O ataque ao Irã, rejeitado pela maioria da população americana, não foi surpresa — mas é, sim, um sinal de alerta. O “xerife do mundo” agora atua sem distintivo legal, sem respaldo popular e sem qualquer compromisso com a paz. E isso, em qualquer lugar do mundo, é perigoso demais para ser normalizado.