O Palco está montado: Política e Forró no mesmo compasso

No lançamento do FITAJU em Itaju do Colônia, prefeitos da região sul celebram a cultura junina enquanto enfrentam cobranças por serviços públicos — em meio ao equilíbrio delicado entre forró, visibilidade política e responsabilidades de gestão.

SÃO JOÃO

Lisdeili Nobre | ✍️ Por Redação Afirmativa Notícias | 🗓️ 30 de maio de 2025

5/31/20252 min read

Nesta sexta-feira, 30 de maio, o município de Itaju do Colônia foi o centro das atenções no sul da Bahia. O motivo? O lançamento oficial do FITAJU – Festival de Itaju do Colônia, que reuniu prefeitos de toda a região num encontro que mesclou política, cultura e projeção estratégica para os festejos juninos.

O anfitrião da ocasião, prefeito Elder Fontes, também ocupa atualmente a presidência da AMURC (Associação dos Municípios da Região Cacaueira), o que conferiu ainda mais peso institucional ao evento. Entre os presentes, estiveram o prefeito de Itabuna, Augusto Castro, acompanhado da primeira-dama Andrea Castro, e o deputado federal Paulo Magalhães (PSD), que há décadas mantém cadeira cativa nas articulações políticas do sul da Bahia.

Com a presença de diversas lideranças locais e estaduais, o FITAJU já nasce com pretensão de se consolidar como um dos maiores eventos juninos do interior baiano. O cantor Theuzinho foi anunciado como a grande atração da edição deste ano, aquecendo a expectativa popular em torno da festa.

Mas se engana quem pensa que o São João é apenas música e fogueira: em tempos de cobranças crescentes por melhorias em áreas como saúde, educação e infraestrutura, muitos gestores públicos parecem ter encontrado nos festejos juninos um escudo político – ou, quem sabe, uma cortina de fumaça.

É fato que eventos como o FITAJU movimentam o comércio, valorizam a cultura e colocam os municípios em evidência no calendário estadual. “Entretenimento também é um serviço público”, declarou um dos prefeitos presentes, numa tentativa de justificar o alto investimento com festas. Mas, para a população que enfrenta filas em hospitais, estradas esburacadas e escolas com infraestrutura precária, o forró pode soar mais como anestesia que solução.

Com a chegada de junho, o clima de disputa se intensifica. Prefeitos competem por artistas mais caros, palcos mais iluminados e hashtags mais engajadas. É a “guerra dos festejos”, onde cada cidade busca ostentar o título de melhor São João da Bahia — ou até do Brasil.

E embora ninguém duvide da importância cultural e econômica dessas festas, a pergunta que paira no ar é: depois dos fogos e selfies, o que sobra para os serviços essenciais?

Se depender de Itaju do Colônia, festa de São João não vai faltar — nem de fato, nem de direito. Mas o verdadeiro desafio é fazer o povo dançar sem esquecer de cuidar da vida.