Nova lei pode punir donos de animais soltos, mas vereadores questionam: Prefeitura tem estrutura para aplicar?

Projeto de lei que endurece punições para abandono de animais segue para votação em plenário, mas vereadores alertam para risco de ineficácia diante da falta de estrutura da Prefeitura, temendo que a norma se torne mais uma "lei para inglês ver".

ABANDONO DE ANIMAIS

Lisdeili Nobre

6/3/20252 min read

📜 Projeto de Lei que prevê sanções para abandono de animais avança com seis emendas e segue para plenário

Após um debate técnico e politicamente engajado na tarde desta segunda-feira (02), a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal aprovou o encaminhamento ao plenário do Projeto de Lei de autoria do vereador Denilton Santos, que visa aumentar as sanções para quem deixa animais de médio e grande porte soltos em vias públicas. O texto tem como relator o vereador Babá Cearense e recebeu seis emendas propostas pelo vereador Thales Silva.

O projeto, que busca enfrentar um problema antigo no município — a presença recorrente de animais soltos nas ruas, provocando acidentes de trânsito e riscos à segurança pública —, propõe multas administrativas proporcionais ao porte do animal, além de custos com estadia dos animais apreendidos, tratamento veterinário e medicamentos.

Durante a reunião da Comissão, o debate foi considerado acalorado e produtivo, com diferentes parlamentares apresentando preocupações sobre a efetividade da norma. O vereador Eldon Oreia, por exemplo, chegou a anunciar que pediria vista do projeto, destacando que não basta endurecer penalidades sem garantir estrutura administrativa por parte da Prefeitura para a aplicação da lei. A medida, segundo ele, evita que a Câmara aprove “leis mortas”, ou seja, normas sem capacidade prática de execução.

Na mesma linha, o vereador Delegado Clodovil alertou sobre possíveis inconstitucionalidades no texto, especialmente quanto ao uso de equipamentos em cães considerados agressivos, e reforçou a necessidade de alinhar a proposta às legislações federais sobre bem-estar animal. Já o vereador Silas Santos pontuou a importância de ouvir os tutores de animais e compreender as dificuldades enfrentadas por eles, especialmente nas comunidades periféricas.

Outro ponto crítico levantado pelos parlamentares foi a atual inoperância do Centro de Zoonoses e da empresa contratada para o recolhimento de animais nas ruas, o que, na prática, comprometeria a efetividade da futura legislação.

Apesar das divergências, o relator Babá Cearense foi elogiado pela condução técnica do relatório e pela capacidade de diálogo com os diversos posicionamentos apresentados. O consenso entre os parlamentares foi de que a riqueza do debate e a contribuição de todos os membros da comissão são essenciais para garantir a qualidade da produção legislativa e para que a lei, uma vez aprovada, tenha eficácia e respaldo social.

O projeto agora segue para apreciação em plenário, onde será votado com as emendas incorporadas. A expectativa é de que a deliberação contemple não apenas o texto da lei, mas também as condições reais de sua aplicação, garantindo que a legislação municipal cumpra seu papel de proteger a coletividade e não se torne letra morta.