Geraldo Simões x Nina Rosa: o embate que pode marcar o fim de uma era no PT
Uma liderança histórica em declínio e uma mulher em ascensão: Geraldo Simões e Nina Rosa protagonizam a disputa que pode redefinir os rumos do PT de Itabuna.
Por Lisdeili Nobre
7/5/20252 min read


Geraldo Simões e o declínio de uma era: a nova disputa pelo comando do PT de Itabuna
Foi numa era comandada por ele que o PT de Itabuna conheceu seu auge. Falo de Geraldo Simões de Oliveira, natural da própria cidade, nascido em 13 de novembro de 1953. Técnico agropecuário, administrador e funcionário público da Ceplac, Geraldo é um histórico militante do Partido dos Trabalhadores desde os anos 1980 e esteve, por décadas, à frente das decisões políticas do diretório municipal. Seu protagonismo moldou a trajetória petista na região, com mandatos importantes: foi deputado estadual, deputado federal por três legislaturas e prefeito de Itabuna por duas vezes — momentos em que consolidou sua liderança e influência.
Mas os ventos mudaram. Sem novos mandatos eletivos, sua carreira política passou a demonstrar sinais de desgaste. Em 2024, ao tentar mais uma vez se viabilizar como candidato a prefeito, rompeu com o PT local após ser derrotado por aliados numa votação interna apertadíssima: 594 a 590 votos. Segundo o deputado estadual Rosemberg Pinto, o diretório estadual preferia apoiar a reeleição de Augusto Castro (PSD), e a disputa foi tão intensa que desembocou na esfera judicial, agravando ainda mais as rachaduras internas do partido. Enquanto isso, Manoel Porfírio ganhava espaço e ascensão como nova força petista na cidade, alinhado com a base estadual.
Geraldo, já fragilizado politicamente, passou a articular uma frente alternativa com partidos como Solidariedade (de Fabrício Pancadinha) e até setores do União Brasil — legendas que, historicamente, estiveram em campos opostos ao PT. A movimentação foi interpretada como um último esforço para manter relevância no tabuleiro local. O colunista Levi Vasconcelos, do A Tarde, não perdoou: classificou o episódio como “um final melancólico para o compadre de Lula”, destacando que Geraldo “se deu mal” ao apostar numa candidatura em meio a um partido dividido.
Mas se de um lado o passado parece claudicar, do outro uma nova era tenta nascer — e com voz de mulher. A professora Nina Rosa, militante das lutas sociais locais e figura respeitada nos movimentos de esquerda, lançou sua candidatura à presidência do PT de Itabuna enfrentando resistências internas e o peso do machismo estrutural. A sua candidatura, inicialmente indeferida pela executiva municipal liderada por Jackson Moreira, só foi garantida por força judicial: em 30 de junho de 2025, o juiz Luiz Sérgio dos Santos Vieira concedeu uma liminar validando sua participação no pleito. Em 3 de julho, a liminar foi mantida com reforço de multa caso o partido insistisse em barrar sua candidatura.
O grupo rival tentou, de todas as formas, impugnar Nina por meio de manobras regimentais internas — o popular "tapetão" —, mas a tentativa de silenciar sua voz encontrou resistência e apoio de peso. Lideranças como o vereador Manoel Porfírio, além de personalidades da cultura local, como o presidente do Conselho Municipal de Cultura, Robson Costa, declararam abertamente apoio à sua chapa.
A eleição está marcada para 6 de julho de 2025. Em um cenário marcado por disputas intestinas, machismo político e esgotamento de velhas lideranças, Nina Rosa representa uma possibilidade concreta de renovação. Resta saber se, caso eleita, ela terá liberdade e protagonismo para conduzir o partido com autonomia — ou se será cercada por interesses daqueles que historicamente controlaram os bastidores do poder.
Itabuna assiste à encruzilhada de seu maior partido. O passado e o futuro estão em rota de colisão. E, dessa vez, quem decide são as bases.
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