Do progresso de Thales ao “Gabriela mode on” de Ronaldão

Em Itabuna, enquanto o vereador Thales Silva legisla para proteger os mais vulneráveis com a proibição de fogos com estampido, Ronaldão prefere se apegar à tradição e ao discurso de que “aqui não é França”, demonstrando resistência ao progresso e desdém à própria função legislativa — como se legislar fosse “querer aparecer”.

Por Lisdeili Nobre | Redação Afirmativa Notícias

6/11/20251 min read

Foi aprovada na Câmara de Itabuna a lei que proíbe a queima de fogos de artifício com estampido (barulho alto), permitindo apenas aqueles de efeito visual. Proposta pelo vereador Thales Silva, a medida busca proteger pessoas com TEA, idosos, crianças, animais e outros grupos sensíveis a ruídos intensos — um avanço para uma cidade mais inclusiva e consciente.

Mas nem todos concordaram. Em discurso no plenário, o vereador Ronaldão afirmou não ver viabilidade na aplicação da lei, dizendo que “aqui não é França, é Nordeste” e que soltar fogos é parte da tradição local. A fala — que remete à conhecida canção de Dorival Caymmi, "Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim..." — revela uma postura resistente à mudança, como se o tempo não exigisse mais empatia, escuta e evolução.

O argumento, além de ignorar o sofrimento de tantos, contraria uma tendência crescente entre municípios baianos e nordestinos que já atualizaram suas leis nesse sentido. Salvador (BA), Irecê (BA), Recife (PE) e Limoeiro do Norte (CE) são exemplos de cidades que já implementaram legislações semelhantes, reconhecendo os impactos negativos que o barulho causa. Até mesmo festas juninas tradicionais vêm adotando fogos de baixo ruído, preservando a beleza cultural sem agredir o bem-estar coletivo.

Mais surpreendente ainda foi a declaração de Ronaldão de que o colega Thales estaria "querendo aparecer" ao apresentar o projeto. Uma crítica no mínimo contraditória — especialmente vinda de quem quase não apresenta proposições legislativas e parece não compreender que legislar é, por definição, o papel central de um vereador.

Se proteger os mais vulneráveis é “aparecer”, que venham mais vereadores como Thales Silva. Porque o povo merece representantes que pensem no futuro — e não apenas em repetir, como disco arranhado, que "vão ser sempre assim".