Dia do Trabalhador: Consignado da Morte — Esquema Funeral e Odontológico Fura o Bolso dos Pensionistas

Dia do Trabalhador: Consignado da Morte — Esquema Funeral e Odontológico Fura o Bolso dos Pensionistas

Para milhares de aposentados, cada centavo faz a diferença entre tomar o remédio no fim do mês ou ficar sem a medicação; entre garantir uma refeição digna ou passar fome; entre pagar uma consulta médica ou adiar cuidados essenciais. E, ainda assim, são descontados R$ 49 mensais — em média — de cada benefício, multiplicados por milhões de aposentadorias, corroendo um orçamento que já mal dá para água, luz, remédios e alimento. Esse cenário de miséria oculta, alimentado por descontos não autorizados, evidencia o drama de quem deveria viver com dignidade, mas vê seu sustento escorrer por cobranças espúrias antes mesmo de chegar ao bolso.

O golpe em três frentes
Funerárias, convênios odontológicos e empresas de crédito consignado se uniram para inserir descontos não autorizados nos benefícios do INSS, vendendo “serviços essenciais” e firmando contratos espúrios que drenam o já curto orçamento dos idosos.

Funerárias e “seguro funerário”
Pacotes de “seguro funerário” são descontados diretamente da folha de pagamento do INSS. Muitos beneficiários só descobrem o débito ao receber comunicado de cobrança judicial, meses depois do início dos descontos. Estima-se que mais de 15 000 aposentados tenham perdido, em média, R$ 120 por mês.

Convênios odontológicos fraudulentos
Clínicas de odontologia oferecem convênios sem contratação prévia: por meio de telemarketing agressivo e assinaturas digitais forjadas, impõem descontos de cerca de R$ 75 mensais. A maior parte das vítimas jamais recebeu cartão ou acesso à rede de atendimento prometida.

Empréstimo consignado como fachada
Empresas de crédito liberam empréstimos com taxas iniciais atrativas, mas embutem juros abusivos e tarifas ocultas que elevam o custo efetivo anual a mais de 50%. Já foram detectados mais de R$ 200 mi em contratos irregulares, diretamente abatidos do benefício previdenciário.

Ví­timas denunciam prejuízos
“Meu benefício caiu de R$ 1 800 para R$ 1 200 sem aviso”, relata Maria de Souza, 72 anos, de Salvador. Aposentados dependem desses valores para remédios e alimentação, e veem necessidades básicas sacrificadas diante de descontos espúrios.

Reação das autoridades
O Ministério da Previdência Social instaurou sindicância para identificar empresas envolvidas e bloqueou novos cadastros de convênios sem consentimento comprovado. A Polícia Federal abriu inquérito por estelionato e peculato, com previsão de prisão para responsáveis pelos descontos ilegais.

Como se proteger

• Confira mensalmente o extrato do INSS.

• Exija cópia de todo contrato que gere desconto.

• Desconfie de ofertas por telefone ou porta a porta sem consulta prévia.

• Procure a Defensoria Pública ou o Procon ao identificar cobranças não autorizadas.

Não silencie: denunciar é a melhor arma contra esse “consignado da morte” que ameaça o sustento de quem mais precisa.

Objetivo da CPI

A CPI da Previdência foi criada para investigar suspeitas de fraudes em perícias médicas e concessões indevidas de auxílios previdenciários.

Riscos à Segurança Financeira

Entidades de aposentados alertam que o clima investigativo pode servir de pretexto para revisões em massa, prorrogações de prazos e bloqueios de pagamentos, afetando quem contribuiu por décadas ao INSS.

Reação das Entidades de Aposentados

A Federação Nacional dos Aposentados classificou a escolha do Dia do Trabalhador para os trabalhos como um “ataque simbólico” aos direitos já adquiridos e teme penalização de sua própria base eleitoral.

Contradições na Base Governista

Apesar do discurso oficial de proteção social, partidos que ocupam ministérios no governo Lula apoiam uma CPI que pode justificar cortes no orçamento do INSS, suscitando dúvidas sobre as prioridades da coalizão.

Tramitação e Prazos

Para sair do papel, a CPI precisa ser aprovada em plenário; uma vez instalada, terá 120 dias — prorrogáveis por igual período — para ouvir INSS, peritos, técnicos do Ministério da Economia e associações de beneficiários.

Defesa do Ministro Carlos Lupi

Carlos Lupi (PDT) tem repetido que o objetivo é proteger aposentados e pensionistas, defendendo até mesmo prisão para quem tenha promovido descontos não autorizados em benefícios.