Boa liderança não se constrói com medo. Se constrói com justiça e resultado.

Demitir uma professora por uma foto não é gestão — é violência política de gênero disfarçada de reestruturação.

Lisdeili Nobre

8/1/20252 min read

✊🏾 “Isso tem nome: violência política de gênero”

Por Lisdeili Nobre | COLUNA OLHA ELA!

Durante a celebração dos 115 anos de emancipação política de Itabuna, um gesto singelo — um cumprimento espontâneo e uma foto com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil) — resultou em uma denúncia grave: duas professoras da rede municipal foram demitidas sem justificativa clara dias após o ocorrido.

A professora Aline Nascimento, uma das demitidas, contou que tudo aconteceu de forma natural, no calor de um evento público e oficial:

“Quando o vi, eu falei: ‘Nossa, que legal’. O pessoal que estava comigo já foi abraçando e eu também cumprimentei. A gente puxou para fazer uma foto tranquila.”

A imagem, registrada durante a Missa em Ação de Graças na Catedral de São José, ganhou repercussão na cidade. E, três dias depois, vieram as demissões.

A Prefeitura de Itabuna afirmou, em nota, que as exonerações fazem parte de uma “reestruturação administrativa”. Mas o silêncio sobre os critérios e a coincidência com o episódio levantam uma pergunta urgente:

Desde quando sorrir para alguém é motivo para perder o trabalho?

Essa prática tem nome: violência política de gênero.

É violência porque silencia.
É política porque atinge quem representa uma voz ativa.
É de gênero porque recai sobre mulheres que ousam existir fora do controle, fora da obediência automática.

Quando uma professora é demitida por ser vista ao lado de um político que não pertence à base do governo local, a mensagem é clara:

“Você não pode pensar, nem aparecer, nem existir politicamente, se não for do lado certo.”

É o uso do poder institucional como corretivo político — um aviso para qualquer mulher que ouse se expressar. Essa é a lógica do autoritarismo travestido de gestão.

E é preciso dizer, com toda a firmeza:

Boa liderança não se constrói com medo. Se constrói com justiça e resultado.

Um bom líder não precisa punir para liderar.
Não precisa calar vozes para se manter no comando.
Não precisa demitir professoras para parecer forte.

Liderança de verdade não se mede por controle, mas pela capacidade de ouvir, respeitar e construir com quem pensa diferente.

Se há gestão, se há progresso, se há compromisso com o povo — então não há por que temer a pluralidade de pensamento. E muito menos retaliar servidoras públicas por sorrirem numa missa.

Num momento em que o Brasil reconhece legalmente a Violência Política contra Mulheres (Lei nº 14.192/2021), é inaceitável que práticas assim sigam sendo tratadas como normais.

Porque no fim das contas, a educação que se diz prioridade não pode ser tratada com perseguição.
E uma cidade que se diz democrática não pode conviver com demissões como forma de coerção.

📢 Isso não é normal. Isso não é apenas gestão. Isso é VIOLÊNCIA POLÍTICA DE GÊNERO.

👉🏽 Não é sobre partido. É sobre princípio.
👉🏽 Não é sobre ACM. É sobre liberdade.
👉🏽 E não é sobre duas professoras. É sobre todas nós.