Anistia, PEC da Blindagem e emendas parlamentares formam um combo que mistura prefeitos, desvios e autoproteção política — transformando autonomia em impunidade.
Anistia, PEC da Blindagem e emendas parlamentares formam um combo que mistura prefeitos, desvios e autoproteção política — transformando autonomia em impunidade.
Lisdeili Nobre - ✍️ Coluna de Opinião
9/8/20252 min read


A PEC da Blindagem e as Camadas Invisíveis da Anistia
A proposta de anistia que hoje ocupa o centro das discussões não é uma pauta isolada. Ela vem acompanhada de outras camadas — algumas visíveis, outras subterrâneas — que revelam a engrenagem política em funcionamento no Congresso.
Entre essas camadas, a chamada PEC da Blindagem ganha destaque. Disfarçada sob o argumento de garantir autonomia parlamentar, o texto esconde um movimento de autoproteção: criar um sistema quase intransponível para processar e julgar deputados e senadores por crimes, principalmente aqueles ligados às emendas parlamentares. Não é coincidência. Nos últimos meses, a Polícia Federal expôs conexões entre emendas, prefeitos, parlamentares municipais, desvios de recursos e até relações com o crime organizado. O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, tem pressionado por mais transparência e rastreabilidade na execução dessas verbas.
Ao mesmo tempo, discute-se o aumento do fundo eleitoral — sinal de que os gastos com campanhas e manutenção de poder continuam se sobrepondo à eficiência dos serviços públicos. Soma-se a isso a disputa sobre a aplicação das emendas: um braço de ferro entre Congresso e Judiciário. De um lado, parlamentares desejam autonomia para executar bilhões em recursos, muitas vezes sem contrapartida em políticas públicas eficazes e com alto desperdício de dinheiro, usado na compra de votos e no aliciamento de redutos eleitorais. De outro, o STF e o Ministério da Justiça tentam impor mecanismos de controle.
O recado político é claro: parlamentares não querem que o Judiciário interfira nas emendas. A blindagem legislativa surge como escudo contra investigações, transformando a anistia em peça de um tabuleiro maior: a busca por um Congresso menos vulnerável a devassas e mais livre para administrar seus recursos, mesmo que isso signifique abrir brechas para perpetuar velhas práticas.
O debate, portanto, não é apenas jurídico, mas ético e institucional. Estamos diante de um jogo de poder em que a autonomia parlamentar se confunde com impunidade. E a sociedade, que deveria ser a destinatária final das emendas, corre o risco de continuar recebendo serviços públicos ineficientes, enquanto assiste, perplexa, à institucionalização da blindagem.
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