A mesa sequestrada e o fantasma da anistia: o Brasil na beira do replay
👉 O sequestro político da mesa do Congresso para aprovar a PEC da Anistia revela o risco de um replay ditatorial: apagar crimes contra a democracia é abrir caminho para que eles se repitam.
Lisdeili Nobre
9/4/20251 min read


A mesa sequestrada e o fantasma da anistia: o Brasil na beira do replay
Nos dias 05, 06 e 07 de agosto de 2025, o país assistiu a um episódio insólito: a mesa diretora do Congresso Nacional foi praticamente sequestrada – não por homens encapuzados, mas por uma chantagem política de alto calibre. O alvo: o presidente da Câmara, Hugo Motta, emparedado para colocar em pauta a famigerada PEC da Anistia.
Chamam de negociação política, mas soa mais como minigolpe dentro de uma tramita golpista que nunca se aposentou. A família Bolsonaro, essa verdadeira dinastia empenhada em não largar o osso do poder, mostrou mais uma vez sua sede insaciável de permanecer na principal cadeira do Executivo, ainda que para isso seja preciso rasgar a memória coletiva do país.
É bom lembrar que os atos de 8 de janeiro de 2023 não foram um “protesto patriótico”. Foram crimes graves, tipificados e denunciados pelo STF e pela PGR: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Um verdadeiro combo da destruição, embalado em verde e amarelo.
Mas, como diria um velho ditado: quem vive de anistia sempre quer mais um fiado. Os “anistiados de 1979”, militares e opositores da ditadura, voltam agora como referência para justificar um apagamento histórico conveniente. Só que, na prática, “os anistiados de 1979 são os ditadores de hoje”.
A nova anistia, se aprovada, não será um gesto de pacificação, mas um ato de reincidência ditatorial. Um rodo passado sobre a sujeira recente, promovendo o esquecimento, apagando as cicatrizes e legitimando o crime como moeda política.
Perdoar crimes contra a democracia é mais do que um equívoco jurídico: é um convite à repetição da tragédia. Anistia sem memória é só maquiagem para a impunidade. E todo brasileiro já deveria ter aprendido que, onde a história não é lembrada, o golpe sempre se prepara para o segundo turno.
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