📰 Cortar as árvores da Beira Rio é apostar contra a própria Cidade de Itabuna
Em Itabuna, o corte das árvores da Beira Rio ameaça o equilíbrio ambiental da cidade e pode agravar enchentes futuras, colocando em xeque a lógica de obras que priorizam o concreto e ignoram as raízes que sustentam a vida urbana.
Por Lisdeili Nobre Redação Afirmativa
6/10/20252 min read


A paisagem verde que acompanha o curso do Rio Cachoeira, na tradicional Avenida Beira Rio, em Itabuna, não é apenas um cartão-postal da cidade: é um sistema de proteção natural. As árvores ali localizadas, muitas com décadas de existência, possuem raízes profundas que ajudam a sustentar as margens do rio, conter erosões e, sobretudo, reduzir o impacto das enchentes.
Agora, essas árvores estão ameaçadas de serem arrancadas por conta das novas obras viárias que prometem “preparar a cidade para o futuro”. Mas que futuro é possível quando se destrói o que protege a cidade de si mesma?
As matas ciliares, que formam esse cinturão verde nas bordas do Cachoeira, funcionam como sistemas de drenagem vivos. Elas absorvem a água das chuvas, estabilizam o solo, reduzem a velocidade das enxurradas e, ao fazerem sombra, mantêm o microclima da área urbana mais equilibrado.
Arrancar essas árvores é desrespeitar a engenharia da natureza — aquela que não custa milhões, mas evita milhões em prejuízos.
É ignorar a memória recente da tragédia de 2021, quando o Rio Cachoeira transbordou de forma devastadora, justamente por falta de contenção, desmatamento das margens e ocupações desordenadas.
Mais do que isso, remover árvores adultas sem plano técnico transparente interrompe ciclos ecológicos de espécies animais, empobrece o solo e compromete o equilíbrio entre urbanização e sustentabilidade. Replantar novas mudas, como medida compensatória, não substitui décadas de crescimento radicular profundo, que é o que hoje mantém as margens do rio minimamente seguras.
E enquanto o verde cede lugar ao concreto…
As obras anunciadas pela Prefeitura de Itabuna incluem a construção de um viaduto na rótula do Banco Raso, além de quatro novas pontes:
uma entre a BR-415 e a BA-649 (próximo ao Cidadelle),
outra ligando a Avenida Amélia Amado ao bairro Conceição,
uma terceira no Jardim Primavera,
e uma quarta que substituirá o antigo pontilhão de Itamaracá.
“Estamos preparando a cidade para o futuro”, afirmou a secretária de Infraestrutura, Sônia Fontes.
Mas cabe perguntar: que tipo de futuro se constrói derrubando raízes que nos sustentam no presente?
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