🎥 Campanha do PT com vídeos de IA enfrentando o Congresso

🤖📣 IA viral, Congresso na berlinda e o debate cada vez mais raso. Quando vídeos prontos pra indignar tomam o lugar da política real, quem programa ganha o jogo.

Por Lisdeili Nobre

7/4/20252 min read

Nos últimos dias, vídeos gerados por inteligência artificial têm tomado conta das redes sociais brasileiras, com personagens virtuais – alguns cartunescos, outros com aparência hiper-realista – atacando diretamente o Congresso Nacional. A estética é moderna, o discurso parece afiado, mas o conteúdo escancara um fenômeno perigoso: a banalização da política e a manipulação da opinião pública através de ferramentas tecnológicas de altíssimo alcance.

📲 O que dizem os vídeos?

Esses vídeos, produzidos com IA, apresentam narrativas que acusam o Congresso de barrar avanços sociais — como taxação de bilionários, regulação das big techs ou combate às casas de apostas. A estética atrativa e o tom indignado conquistam rapidamente a atenção de jovens e usuários menos politizados. A mensagem central? O Congresso seria o vilão do momento, um entrave para os desejos “do povo”.

Tudo seria apenas mais uma peça de marketing político digital se não houvesse algo maior em jogo: uma estratégia calculada de polarização, simplificação do debate institucional e desgaste do Legislativo como poder da República.

⚖️ O perigo da simplificação: quando a IA emburrece o debate

A política é, por natureza, complexa. Requer negociação entre poderes, mediação de interesses, respeito às regras do jogo democrático. Mas a IA, quando usada de forma irresponsável, transforma essa complexidade em um espetáculo de mocinhos e vilões.

Os vídeos não explicam, por exemplo:

  • que o Congresso tem composição plural e é eleito pelo povo;

  • que o Executivo precisa dialogar com o Legislativo para aprovar leis;

  • que há embates legítimos de interpretação sobre a viabilidade de certas propostas.

Ou seja, a IA está servindo como ferramenta para simplificar perigosamente o debate — e, com isso, deslegitimar a existência do contraditório e da negociação política.

🧠 Manipulação política 5.0: mais do que likes, o poder

Não é coincidência que essa ofensiva com vídeos de IA tenha partido da base do governo. O foco é desgastar parlamentares e pressionar o Congresso a aceitar pautas impopulares entre os próprios legisladores. Ao mesmo tempo, transfere a frustração popular para o “inimigo interno”, desviando o foco de críticas ao Executivo.

Esse tipo de manipulação não é novidade na história política — o novo aqui é a sofisticação: uma IA que emula indignação popular, reproduz frases de efeito, distorce contextos e se espalha com velocidade avassaladora.

🔒 Congresso reage: regulação ou censura?

Diante disso, o Congresso iniciou uma corrida legislativa para criar freios ao uso de IA. Estão em tramitação:

  • Projetos para obrigar marcas d’água em deepfakes;

  • Leis contra vídeos íntimos forjados por IA;

  • Agravantes para violência psicológica com uso de IA contra mulheres.

A pergunta que paira no ar: essas medidas são proteção institucional ou tentativa de censura? A resposta não é simples, mas o debate precisa ocorrer com seriedade, não em vídeos caricatos de 15 segundos.

📌 Conclusão: ou educamos politicamente, ou seremos programados

A IA é uma ferramenta. Pode ser aliada da democracia — ou sua maior ameaça. Tudo depende de quem programa, com que propósito e de como a sociedade reage.

O que vemos hoje é um embate entre instituições: de um lado, a tentativa de usar o Congresso como bode expiatório; de outro, parlamentares acuados tentando legislar sob pressão digital.

Se não entendermos esse jogo de poder, seremos apenas figurantes num roteiro já escrito — e editado por algoritmos.

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